sexta-feira, novembro 25, 2005

London, London

I'm wandering round and round, nowhere to go
I'm lonely in London, London, is lovely so
I cross the streets without fear, everybody keeps the way clear
I know there's no one here to say hello
I know they keep the way clear, I am lonely in London without fear
I'm wandering round and round, nowhere to go

While my eyes, go looking for flying saucers in the sky
Yes my eyes, go looking for flying saucers in the sky (...)

By Caetano Veloso
Foto: site www.londontourism.ca

Imagem no retrovisor


Deixei pra trás
sonhos revolucionários
sabores e dessabores
meu partido
minha bandeira de luta
utopia.
Deixei pra trás
paixões vividas
amores frustrados
orgásmos delirantes
coito interrompido
fotografias não reveladas.
Deixei pra trás
amigos, bares e poesia
noites mal dormidas
preguiça de acordar.
Deixei pra trás...
passeio no mercado
jiló na chapa
saideira, dor de cabeça
ressaca e neosaldina.
Deixei pra trás...
pãozinho da padaria
jornais de domingo
manchetes sangrentas
cerveja no Malleta
dobradinha com pimenta.
Deixei pra trás...
Minha Passárgada.
Se eu ficasse
como seria?

Entrelinhas

entre linhas

tem você

deliciosa metáfora

entre trópicos

tem metade

meu sangue ferve

na linha do equador





quinta-feira, novembro 24, 2005

Monoreflex



Ela. . .

sob a mira

da monoreflex

Espelho cruzado

no divã de Jacques Lacan

Olhares refletidos. . .

Sedução.

Inquieta. . .

Doce bala de duas calorias.

Sonhos etílicos por una “Cuba Libre”

Na emoção das páginas de um livro. . .

nossas vidas em capítulos.

A cor do desejo. . .

Abóbora.

Sobre seu corpo

Deslizei o meu.

Unhas cravadas na carne.

Seu colo. . . minha boca

Línguas chicoteiam

nos corpos famintos.

Como estava gostosa aquela lasanha!


Metáfora

[Do gr. metaphorá, pelo lat. metaphora.]
S. f.
1. Tropo que consiste na transferência de uma palavra para um âmbito semântico que não é o do objeto que ela designa, e que se fundamenta numa relação de semelhança subentendida entre o sentido próprio e o figurado; translação.

*Do Aurélio


The worker becomes all the poorer the more wealth he produces, the more his production increases in power and range. The worker becomes an ever cheaper commodity the more commodities he creates. With the increasing value of the world of things proceeds in direct proportion to the devaluation of the world of men. Labour produces not only commodities; it produces itself and the worker as a commodity -- and does so in the proportion in which it produces commodities generally.

Marx, Economic and Philosophic Manuscripts (1844)

quarta-feira, novembro 23, 2005

Guilhotina

Meus olhos promíscuos de condenado

Correm pelo seu colo de cortesã

Pela última vez.

Absurdos . . . delírios pornográficos

Sua vulva doce

Meu erectus lactus est

Minha sentença . . .

Sua liberdade.

Ruptura.

Na suavidade de uma lâmina

Minha cabeça é decapitada

Pela guilhotina da razão.

Antes do fim ainda pensei

Na minha insignificância.

Ocorreram lembranças

Das aulas de Latim. . . que nunca tive:

“Vanitas Vanitatum Memento Mori” *


*Vaidade das Vaidades Lembra-te que vais Morrer"

Esperança

A esperança adquire-se. Chega-se à esperança através da verdade, pagando o preço de repetidos esforços e de uma longa paciência. Para encontrar a esperança é necessário ir além do desespero. Quando chegamos ao fim da noite, encontramos a aurora.
(Georges Bernanos)

BR 101



ah! meu amor

não te esqueci

ainda procriando no meu corpo

os micróbios do teu sangue

:enlouqueci.

By artur Gomes

No Parking Here Any Time




Spring Water


sede

muita sede

quero água de beber

quero água perrier
















Aurora de minha vida



Sempre quis namorar Aurora, moça do caixa do açougue que me prometia as carnes. Acabei namorando. Como me encantava o jeito dela. Falava alto, chamava todos de “bem”. Perfume doce que descontrolava minha glicose. Baton vermelho cor de sangue, saia curta de oncinha, calcinha também. Me perdia nas maçãs de seus peitos...

Amava sem pudor... linda e brega.

Primavera

Os poderosos podem matar uma, duas ou até três rosas, mas jamais poderão deter a primavera.

(Che Guevara)

terça-feira, novembro 22, 2005

O Fio da Navalha

De modo dramático, a navalha acena para a conquista da fama, garantia de respeito e defesa da honra como aquilo que o malandro faz. Trata-se de um recurso de valorização pessoal que os despossuídos de bens e de riquezas encontram para se fazerem respeitados.

Gilmar Rocha, do livro "O Rei da Lapa - Madame Satã e a malandragem carioca"

Escritores e Cozinheiros


A idéia de comer me sugere uma associação deliciosa. Pois comer não se aplica só ao que acontece à mesa. Comer se usa também para descrever o que acontece na cama. Comer é fazer amor. O cozinheiro e o amante são movidos pelo mesmo desejo: o prazer do outro. A diferença está em que o amante oferece o seu próprio corpo para ser comido, como objeto de deleite. O escritor, à semelhança dos amantes, também oferece o seu corpo ao outro, como objeto de prazer. Só que sob a forma de palavra. Cada escritura é uma celebração eucarística:"Tomai, comei, isto é o meu corpo.

Trecho da crônica Escritores e Cozinheiros, de Rubem Alves.


Todos nós estamos na sarjeta. Só que alguns contemplam as estrelas

Oscar Wilde

Cais

Sem fazer marola
ancorei
meu coração
no seu

Pomada Chinesa

Num gueto de Xangai delirei

Amei uma prostituta que fumava ópio

Seu corpo exalava um cheiro bom de Tiger Balm

Amor de porcelana. Jamais esquecerei.

Casa Siqueira

Um metro de chita
tecido ordinário
estampado em cores.
Bacia pra banhar
Pêssego na lata
maravilha de domingo.
Parecia empório turco
Secos e Molhados
Tinha também:
feijão a granel
arame farpado
bobina de papel
grampos para cerca
água velva pra queimar a barba
Grande queima...
saldo de balanço
da memória de meus ancestrais.



Adobe

Construi
um muro de adobe
tijolo por tijolo
Adobe Photoshop